quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

ônibusterapia

o vento a bater na cara, bagunçando os cabelos, trazendo a poeira pra boca e levando embora o fardo que é pensar; trazendo a glória da sinestesia, dos cheiros e dos gostos deliciados pelo olhar de quem lê o cotidiano e, com ele se diverte.

os retratos móveis que retratam o alheio e o simples, e o trivial e o completo, feio mais belo, que mobilizam em cada piscada lenta - pra abrir e ver e fechar e imaginar -, a cada esquina vaga, a cada cão enrolado, a cada olhada no relógio.

a pilha é a vida e a música embala a freqüência da rotina. canta, encanta, manda e cansa, ó ritmo dos dias. contagiante, intinerante, pedante; impiedoso. é o roçar das costelas, as conversas sem propósito, a estação de rádio que fica no ar.

o suor que escorre, secado pela roupa dos outros, que (te) secam. é o sorriso no rosto, a indignação na testa ou a emoção dos olhos? é a insanidade do realismo, a complexismo do simples ou a desbanalização do ser? é vários, é tudo, é o todo, que é nada.

Um comentário:

  1. No bonde eu sempre ganho alguma coisa... o que passa pela janela em média velocidade só passa pelos meus olhos, mas não pela minha cabeça... por essa passam outras coisas muito mais interessantes... tão interessantes que nem deixam pensar sobre o que meus olhos veêm...

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