domingo, 28 de maio de 2006

An Everyday Almost Suicide

Acordar às cinco horas ouvindo rádio no volume máximo;
Poder dormir mais cinco horas, mas lembrar que às duas tem inglês;
Cozinhar o arroz;
Não ter roupa pra usar;
Lembrar que a rematrícula só era pra ser entregue até hoje;
e que falta fazer duas unidades do workbook e uma composition;
Tomar um banho de sol depois de um banho de água;
Uma hora no ônibus...
Aturar pessoas hostis;
Aturar um sol hostil;
Aturar um asfalto sinuoso;
Não conseguir resolver os exercícios propostos;
Pensar que, se tivesse ido pra aula, todos os exercícios poderiam ser resolvidos atencipadamente;
Ter raiva;
Stress mental, sonoro e visual;
Vontade de suícidio.
Suada, atrasada e eufórica;
Acompanhar impacientemente passos lerdos à frente;
Ouvir, repetidamente, vozes irritantes desejando boa tarde;
Invejar àqueles que chegam em seus carrinhos brilhantes e confortáveis;
e àqueles que não precisam enxugar a testa com um papel nojento;
Ambiente climatizado, finalmente.
Descobrir que o dever não era pra hoje e que a rematrícula poderá ser entregue na terça que vem;
que pessoas legais são sempre legais;
que professores legais são sempre os sarcásticos;
que as faltas não foram tantas assim;
que aquela pessoa inteligente não é tão inteligente quanto você;
e que as aulas de inglês são sempre rápidas.
Comprar um docinho pra irmã amada;
Sentir o chuvisco na pele;
e dor de cabeça ao beber água gelada;
Tomar o ônibus que não demora tanto;
Perceber em meio a propagandas visuais a natureza mais gatona do mundo;
Reparar nos detalhes;
Fotografar as coisas simples;
Despentear o cabelo com o vento forte e frio;
Sonhar acordada;
Chegar em casa e pisar na lajota fria;
Comer pizza com a irmã amada;
Ouvir os segredos...
Dormir.

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